Uma questão de cor, de Ana Saldanha
Uma questão de cor aborda
temáticas actuais e dotadas de um realismo narrativo que cativa o leitor. A
história aproxima-se devagarinho, como se observasse cada um dos nossos passos.
Os pormenores são claros, sem serem maçadores. Damos por nós a tentar adivinhar
o enredo seguinte, e até um possível desenlace.
Parece que alguém, sem nós lhe termos contado nada, adivinhou o que se
passava lá em casa, na escola e à nossa volta. De repente, saltámos para um
livro como personagens da ficção, ou terão sido as personagens da história que
passaram a fazer parte da nossa vida?
Há sempre um elo aqui e além que une a ficção à realidade e que nos é familiar.
- Quem nunca ouviu um ralhete da mãe, por se demorar mais um pouco num jogo
de computador, ou da Internet, no Facebook, no msn, ou em outra rede social?
- Quem não reconhece que as avós são mais tolerantes do que as mães?
- Quem nunca se sentiu injustiçado por um professor? (fosse qual fosse o
motivo).
- Se levasse uma repreensão do Director, quem é que iria a correr contar
aos colegas o que ele lhe disse?
Mas este livro não é um simples relato de cenas da vida real. Não. Ele
tem a particularidade de ser várias histórias em simultâneo, umas explícitas,
outras escondidas e a estas cabe ao leitor desvendá-las com a imaginação.
Através das vivências e irreverências, mais ou menos dramáticas, das dúvidas
e das trapalhadas características dos jovens
adolescentes e, conjugando pequenos dramas mais ou menos sérios com uma família unida, interessada e
compreensiva, a escritora consegue entrar no mundo dos jovens de uma forma
leve, mas certeira, contribuindo assim, de forma inequívoca para a construção
da sua personalidade.
Uma questão de cor é uma mão cheia de lições e de valores para
os nossos jovens.
Antes da leitura era
apenas uma questão de cor, durante a leitura percebe-se qual é a cor em questão
e conclui-se que a cor está fora de questão.
18 de
Março de 2011
Maria de Lurdes Meneses
